1. Sobre o malfadado avião da Gol
A repórter da Grobo dizia, "segundo a Aeronáutica, o Legacy tem dois transponders" (...).
Aviônicos emplumados, não é possível! Vocês ouviram isso? Essa é a imprensa que nós temos no Brasil? Essa é a imprensa que eu quero? E o trabalho do jornalista, onde fica? Eu não sei vocês, mas, quando fui à escola (não, eu não fiz Jornalismo), aprendi que jornalista tem é que investigar, tem que fuçar, tem que pesquisar: vai à EMBRAER, vai à Internet, pega um livro, consulta um especialista, pergunta a um piloto, "é verdade que tem dois transponders?", descobre a verdade sozinho, não fica repetindo discurso de brigadeiro. NÃO FOI A FORÇA AÉREA QUE FABRICOU O LEGACY. Portanto, ela tem tanta legitimidade quanto eu e você para dizer qual é o equipamento que esse avião leva.
Mas não, o que se quer é tirar da reta, jamais assumir responsabilidade pelo que se diz. Qualquer coisa, não foi a Grobo, foi a Aeronáutica quem disse, certo? O jornal só repetiu, sem verificar, sem questionar.
Malditos sejam todos. Inclusive eu.
2. Sobre o desperdício causado pelas normas tributárias
Em outra notícia, mostrou-se o resultado de um estudo segundo o qual, de outubro de 1988 a hoje, a legislação tributária atravessou aí alguns milhares de mudanças. Estou entendendo que seja apenas a legislação federal, sem contar as estaduais nem as municipais -- ou os caras do Instituto foram até o Crato ou São Gabriel da Cachoeira para apurar? Nada contra esses lugares; ao contrário: considerar que só conte a legislação federal, sem sequer mencionar que os municípios distantes não foram incluídos, parece-me quase uma forma de anulá-los, certamente de desprezá-los.
Mas então, dizia, a Fátima Bernardes falou que o Brasil desperdiça R$ 30 bi por ano só em contratar gente pra acompanhar o emaranhado das alterações normativas tributárias.
Meu problema é com a palavra "desperdiça". Pergunte a um desses contadores, técnicos em Contabilidade, escriturários, estagiários e advogados, pergunte a eles se esse dinheiro é desperdiçado. Contadores e juristas também comem!
É verdade, esse dinheiro poderia estar sendo gasto em outra coisa, inclusive remunerando esses mesmos profissionais por algum outro serviço. Mas, da maneira como está, não é desperdício! Percebem a diferença? Se esse dinheiro circularia mesmo, se está girando dentro da economia mesmo, não é desperdício para o Brasil! Sim, é desperdício para quem paga o profissional, mas, para este, é meio de sustento! Então, para o Brasil não é desperdício, já que os dois são brasileiros e o dinheiro continua aqui dentro, gerando empregos e sustento. Certamente é dinheiro que não está frutificando fisicamente, não é mais colheita nem mais produção industrial, mas está, sim, aumentando o PIB.
3. Mais sobre as normas tributárias
Em outro canal, a notícia foi dada assim: que, de 1988 até hoje, houve 3 milhões e tantas mil alterações na Constituição...
Aí você pára. Hein? A Constituição não tem 3 milhões de palavras, nem se incluir os nomes dos constituintes no final. Na verdade, não dá 72 mil. Como pode ter havido 3 Malterações?
O que é que eu dizia mesmo sobre imprensa que não verifica a informação? Agora, é um caso de jornalista que ouve o galo cantar, não sabe onde, e nem ao menos pensa meio segundo sobre o resumo que simplesmente vomita no telejornal, tal como veio, sem entender, o negócio é só repetir, certo?
Aliás, eu fico pensando. Afinal, são 3 milhões de quê? De normas não são, que o outro lá já disse. Emendas à Constituição foram 58, se contar as de revisão; as tributárias foram doze, se for verdade o que disseram. Leis foram algumas, talvez, centenas. Demais normas (decretos, portarias, resoluções, regulamentos, instruções normativas etc.) devem dar os tais milhares que o do primeiro canal disse. Então, são 3 milhões de quê?
Quem tiver a resposta, por favor, considere-se encorajado a comentar abaixo.
05 outubro 2006
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