Colegas de trabalho e de escola sabem quanto prezo minha privacidade. Então, poderá parecer incongruente que eu vá manter um belogue, que é justamente onde se revelam detalhes do cotidiano de quem escreve.
Mas é? Até agora, este saite ainda não disse onde moro, nem se ou onde ou com que trabalho, nem se ou o que estudo ou estudei, nem minha idade, nem...
Sabe por quê? Porque todos esses fatos e fatores são *irrelevantes* para definir quem sou e absolutamente irrelevantes a este belogue. Oh, sim, eles decisivamente influenciam quem sou, mas não é a partir deles que você pode afirmar quem sou, só o que faço. Estes textos valem (ou não, né) a partir do quanto eles contribuem para sua vida, Leitor. E a verdade (ou mentira) contida neles continuará sendo verdade (ou mentira) independentemente de quem eu seja. Embora dependentes, criador e criação são duas entidades distintas.
Assim, curiosamente, no belogue eu realmente revelo mais de quem sou do que na convivência com muita gente que se dirá próxima, porque aqui se derrama o que sinto e penso, no que acredito, do que gosto, como reajo às injustiças do mundo, opiniões, valores e aspirações, e é isso que define quem sou. Mesmo assim, em nenhum momento terá sido necessário relatar detalhes do ambiente que me cerca nem o que comi no café da manhã. Veja bem, não estou dizendo que não vá nem que não possa trazer esses relatos, que encontro nos belogues de que mais gosto. Na verdade, lá no rodapé, até indico minhas leituras presentes e parte das passadas, o que deveria revelar muito sobre qualquer um.
É claro que há extremados por aí, gente que não tem vida: o sujeito acredita que, já que tem um belogue, tem que contar tudo. Isso pode ser um sintoma de pessoa vazia, que, para se definir, precisa dos objetos a sua volta, para exclusão ou comparação.
Você não precisa escancarar sua vida privada para revelar quem é. As perguntas que restam são outras: o que você preza mais? O que é mais íntimo, sua mente ou seu quarto de dormir? Qual dos dois, uma vez revelado, vai lhe causar maior incômodo? Curiosamente, a resposta não é a mesma para todas.
08 outubro 2006
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